61. Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus,
após sua morte, com circunstanciados pormenores que não
permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se
explicam perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades
do perispírito e nada de anômalo apresentam em face
dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea, oferece numerosos exemplos, sem lhes
faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos as circunstâncias
em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos,
em tais ocasiões, todos os caracteres de um ser
fluídico. Aparece inopinadamente e do mesmo modo desaparece;
uns o vêem, outros não, sob aparências que não o
tornam reconhecível nem sequer aos seus discípulos; mostra-se
em recintos fechados, onde um corpo carnal não poderia
penetrar; sua própria linguagem carece da vivacidade
da de um ser corpóreo; fala em tom breve e sentencioso,
peculiar aos Espíritos que se manifestam daquela maneira;
todas as suas atitudes, numa palavra, denotam alguma
coisa que não é do mundo terreno. Sua presença causa
simultaneamente surpresa e medo; ao vê-lo, seus discípulos
não lhe falam com a mesma liberdade de antes; sentem
que já não é um homem.
Jesus, portanto, se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que ele quis
que o vissem. Se estivesse com o seu corpo carnal, todos o
veriam, como quando estava vivo. Ignorando a causa originária
do fenômeno das aparições, seus discípulos não se
apercebiam dessas particularidades, a que, provavelmente,
não davam atenção. Desde que viam o Senhor e o tocavam,
haviam de achar que aquele era o seu corpo ressuscitado.
(Cap. XIV, nos 14 e 35 a 38.)