5. Esta
teoria tem contra si os mais positivos dados da ciência experimental, além de
que deixa intacta a questão mesma que ela pretende resolver, a questão da
origem. Diz, é certo, como a Terra se teria formado, mas não diz como se
formaram os quatro mundos que se reuniram para constituí-la.
Se as coisas se houvessem passado
assim, como se explicaria a inexistência absoluta de quaisquer vestígios
daquelas imensas soldaduras, não obstante terem ido até às entranhas do globo?
Cada um daqueles mundos, o Ásia, o África, o Europa e o América, que se
pretende haverem trazido os materiais que lhes eram próprios, teria uma
geologia particular, diferente da dos demais,
o que não é exato. Ao
contrário, vê-se, primeiramente, que o núcleo granítico é uniforme, de
composição homogênea em todas as partes do globo, sem
solução de continuidade. Depois, as camadas geológicas se apresentam de formação igual, idênticas
quanto à constítuição, superpostas, em toda parte, na mesma ordem, contínuas,
sem interrupção, de um lado a outro dos mares, da Europa à Ásia, à África, à
América, e reciprocamente. Essas camadas que dão testemunho das transformações
do globo, atestam que tais transformações se operaram em toda a sua superfície
e não, apenas, numa porção desta; mostram os períodos de aparecimento,
existência, e desaparecimento das mesmas espécies animais e vegetais, nas
diferentes partes do mundo, igualmente; mostram a fauna e a flora desses
períodos recuados a marcharem simultaneamente por toda parte, sob a influência
de uma temperatura uniforme, e a mudar por toda parte de caráter, à medida que
a temperatura se modifica. Semelhante estado de coisas não se concilia com a
formação da Terra por adjunção de muitos mundos diferentes.
Ao demais, é de perguntar-se o que teria
sido feito do mar, que ocupa o vazio deixado pela Lua, se esta não se houvesse
recusado a reunir-se às suas irmãs. Que aconteceria à Terra atual, se um dia a
Lua tivesse a fantasia de vir tomar o seu lugar, expulsando deste o mar?