6. Semelhante
sistema seduziu algumas pessoas, porque parecia explicar a presença das
diferentes raças de homens na Terra e a localização delas. Mas, uma vez que
essas raças puderam proliferar em mundos distintos, por que não teriam podido
desenvolver-se em pontos diversos do mesmo globo? É querer resolver uma
dificuldade por meio de outra dificuldade maior. Efetivamente, quaisquer que
fossem a rapidez e a destreza com que a
operação se praticasse, aquela junção
não se houvera podido realizar sem violentos abalos. Quanto mais rápida ela
fosse, tanto mais desastrosos haviam de ser os cataclismos. Parece, pois,
impossível que seres
apenas mergulhados
em sono cataléptico hajam podido
resistir-lhes, para, em seguida, despertarem tranqüilamente. Se fossem
unicamente germens, em que consistiriam? Como é que seres inteiramente formados
se reduziriam ao estado de germens? Restaria sempre a questão de saber-se como
esses germens novamente se desenvolveram. Ainda aí, teríamos a Terra a
formar-se por processo miraculoso, processo, porém, menos poético e menos
grandioso do que o da Gênese bíblica, enquanto que as leis naturais dão, da sua
formação, uma explicação muito mais completa e, sobretudo, mais racional,
deduzida da observação.
[1]
Quando tal sistema se liga
a toda uma cosmogonia, é de perguntar-se sobre que base racional pode o resto
assentar.
A concordância que, por meio desse sistema, se pretende
estabelecer, entre a Gênese bíblica e a Ciência, é inteiramente ilusória, pois
que a própria Ciência o contradiz.
O autor da carta acima, homem de grande saber, seduzido, um
instante, por essa teoria, logo lhe descobriu os lados vulneráveis e não tardou
a combatê-la com as armas da Ciência.