27. Os restos
fósseis da pujante vegetação dessa época, achando-se hoje sob os gelos das
terras polares, tanto quanto na zona tórrida, segue-se que, uma vez que a
vegetação era uniforme, também a temperatura o havia de ser. Os pólos,
portanto, não se achavam cobertos de gelo, como agora. É que, então, a Terra
tirava de si mesma o calor, do fogo central que aquecia de igual modo toda a
camada sólida, ainda pouco espessa.
Esse calor era superior de muito ao que
podia provir dos raios solares, enfraquecidos, ao demais, pela densidade da
atmosfera. Só mais tarde, quando a ação do calor central se tornou muito fraca
ou nula sobre a superfície exterior do globo, a do Sol passou a preponderar e
as regiões polares, que apenas recebiam raios oblíquos, portadores de pequena
quantidade de calor, se cobriram de gelo. Compreende-se que na época de que
falamos e ainda muito tempo depois, o gelo era desconhecido na Terra.
Deve ter sido muito longo esse período,
a julgar pelo número e pela espessura das camadas de hulha.
[1 ]
Na baía de Fundy (Nova
Escócia), o Sr. Lyell encontrou, numa camada de hulha de espessura de 400
metros, 68 níveis diferentes, apresentando traços evidentes de muitos solos de
florestas, de cujas árvores os troncos ainda estavam guarnecidos de suas
raízes.
(L. Figuier).
Não dando mais de mil anos para a formação de cada um desses níveis, já
teríamos 68.000 anos só para essa camada de hulha.