Quinta carta
Mui venerada Imperatriz,
Novamente uma pequena carta que chega do mundo invisível.
No futuro, se Deus o permitir, as comunicações seguir-se-ão mais de perto.
Esta carta contém uma parte muito pequena do que pode ser dito a um mortal, sobre a aparição e a visão do Senhor. É simultaneamente e sob milhões de formas diferentes que o Senhor aparece às miríades de seres. Ele quer e se multiplica ele próprio por suas inúmeras criaturas, individualizando-se, ao mesmo tempo, para cada uma delas em particular.
A vós, Imperatriz, ao vosso Espírito de luz, ele aparecerá um dia, como apareceu a Maria Madalena, no jardim do sepulcro. De sua boca divina ouvireis um dia, quando sentirdes a maior necessidade, e quando menos o esperardes, vos chamar por vosso nome Maria. Rabbi! respondereis ao seu chamado, penetrada do mesmo sentimento de felicidade suprema que penetrou Madalena, e cheia de adoração, como o apóstolo Tomé, direis: Meu Senhor e meu Deus!
Apressamo-nos por atravessar noites de trevas para chegar à luz; passamos pelos desertos para chegar à terra prometida; sofremos as dores do nascimento para renascer para a verdadeira vida.
Que Deus e o vosso Espírito estejam convosco e vosso Espírito.
Zurique, 13 de novembro de 1798.
JEAN-GASPAR LAVATER.